Li este livro pela primeira vez anos atrás e cada vez que releio, vejo que o filósofo italiano Giuliano Da Empoli acertou em cheio na sua visão do Brasil, seu futuro e do mundo. Pelo que andamos vendo de Junho de 2013 para cá, especialmente a bárbarie aplaudida pelas “pessoas de bem”, acertou ainda mais que imaginava.
Roubando um grande trecho da sinopse da Livraria Cultura:
“A questão é provocativa, controversa e com verso e reverso. De um lado, os otimistas podem pensar em um mundo enfim contaminado pela nossa simpatia, malícia, ginga, malemolência, malandragem, descontração, pelo nosso estilo, jeito de ser, espírito ou jogo de corpo. Um mundo com a cara do nosso futebol, a poesia de Chico Buarque, a evolução das nossas escolas de samba, o balanço das nossas mulheres a caminho do mar e tudo o mais que faz do mito uma representação nacional. Por outro lado, os pessimistas já imaginam um mundo dominado pela nossa violência, nossa distribuição de renda, nosso desprezo pelos mais fracos, nossa prostituição de menores e tudo o que mancha o mito e faz do nosso país um lugar, ao mesmo tempo, invejado e temido pelos turistas. Um mundo que imitaria o Brasil do Rio de Janeiro, de São Paulo e do cinturão de pobreza de cada grande cidade da maior nação da América do Sul. Empoli comprou uma boa briga. Se o parâmetro de brasilianização fosse o otimista, não faltaria brasileiro para acusá-lo de idealização e de distorção da realidade. Se fosse o pessimista, seria criticado por denegrir a imagem do Brasil. Outra hipótese, porém, inclui a mistura dessas duas possibilidades, o bem e o mal, o paraíso e o inferno, a miscigenação e o preconceito racial, o jeitinho e a falta de jeito, a espontaneidade e a inflexível estrutura social.“