Quando a polícia atira, atira atrás dela o governador que foi eleito para comandá-la, e atrás do governador os eleitores que legitimam e chancelam o governo.
Jacqueline Muniz em entrevista à Carol Castro, no The Intercept Brasil
violência
Vídeo: O sofrimento de Danny e o homem vestido de urso
Acabei de assistir The Shining – Danny’s ordeal and the bear costumed man, uma análise sobre o filme O Iluminado. E o filme acaba de ficar mais perturbador.
Resista: Maior legado de Temer, certeza da impunidade faz suas vítimas pelo país…
Como já disse em outras oportunidades, o cancelamento da exposição Queermuseu no Santander Cultural, foi nossa noite Noites dos Cristais. A coisa piorar e é cada vez mais importante resistir.
– Uma professora foi hostilizada na Universidade Estadual do Rio de Janeiro após uma conferência sobre o centenário da Revolução Russa. Um jovem levantou-se e começou, aos gritos, a ofendê-la, dizendo que nunca houve ditadura no Brasil. Os pedidos dos demais presentes para que ele e seus colegas se acalmassem e dialogassem educadamente não surtiram efeito e a segurança foi chamada. O grupo dizia que estava filmando tudo e enviaria para o Exército.
– Garimpeiros incendiaram os escritórios do Ibama e do ICMBio em Humaitá, no Sul do Amazonas, em retaliação contra uma operação contra a extração ilegal de ouro no rio Madeira. Cerca de 500 pessoas participaram do ataque. Veículos recentemente adquiridos pelas instituições foram destruídos. Processos, arquivos e documentos viraram cinzas e os servidores tiveram que se refugiar em bases do Exército e da Marinha para não morrerem.
– Um terreiro em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, teve que antecipar o horário de parte de suas celebrações, além de proibir frequentadores de usarem roupas típicas fora do local a fim de evitar violência. Religiões de matriz africana têm sido alvo de ataques frequentes por intolerantes religiosos cristãos. Em alguns casos, traficantes de drogas impõem uma espécie de decreto religioso na comunidade, proibindo a umbanda e o candomblé.
– Grupos ultraconservadores estão pressionando o Sesc Pompeia, em São Paulo, a cancelar seminário no qual está prevista a participação da filósofa norte-americana Judith Butler – referência mundial nas discussões sobre identidade e gênero. “Não podemos permitir que a promotora dessa ideologia nefasta promova em nosso país suas ideias absurdas”, diz o texto de uma das petições. Promessas de ataques ao evento circulam livremente na rede.
– A exibição de um documentário sobre o ativista ultraconservador Olavo de Carvalho terminou em pancadaria e estudantes feridos na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Grupos de esquerda e de direita acusaram-se mutuamente sobre quem teria começado a troca de insultos e agressões. Entre os contrários a Olavo de Carvalho, havia quem afirmasse que o filme não deveria ser recebido na universidade.
Foi uma semana difícil no Brasil. E não apenas pelo fato da Câmara dos Deputados ter livrado Michel Temer de ser julgado por obstrução de Justiça e organização criminosa após ser bem recompensada por isso.
Que falta faz um espelho em casa. Com ele, seria possível fazer com que os agem no sentido de dobrar os direitos dos outros à sua imagem e semelhança percebessem que os “monstros” que eles procuram são, na verdade, eles mesmos.
(Íntegra do texto está no post do blog.)
Leonardo Sakamoto no Facebook, post em https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/10/28/maior-legado-de-temer-certeza-da-impunidade-faz-suas-vitimas-pelo-pais/
Mais sobre a noite dos cristais (Kristallnacht) na Wikipédia e no Museu do Holocausto.
Olhar para a polícia enquanto classe trabalhadora
“Freixo: Olhar para a polícia enquanto classe trabalhadora”
Deputado estadual do PSOL do Rio de Janeiro apoia adesão de policiais ao partido para debater uma “perspectiva de segurança pela esquerda”
A fim de aproximar a polícia do debate de um modelo de segurança pela esquerda, o deputado estadual Marcelo Freixo (RJ) está apoiando a adesão de um grupo de policiais progressistas ao seu partido, o PSOL. A filiação dos agentes, que fazem parte de uma organização autointitulada “Policiais Antifascismo“, deve ser concretizada em setembro.
“No Rio de Janeiro, que vive uma situação muito singular da violência em 2017, já são mais de 90 policiais mortos e uma média de três pessoas mortas por dia pela polícia“, afirma Freixo. “É muito importante aproximar a polícia do debate sobre a garantia dos direitos humanos, a começar pelos direitos da própria corporação e por entender que os policiais têm de ser garantidores de direitos.”
Em entrevista a CartaCapital, o deputado faz uma crítica à esquerda, que “nunca se aproximou” do debate sobre segurança.
“Eu vejo nós, capitão. Nós nas cabeças à estibordo. Nós nas cabeças à bombordo. Eles não conseguem entender.”
(Bessa, Celso. Dom Quixote no Meio da Ponte. Brasil: Auto Editado, 2017. )
Eliane Brum: “A reação diante do assassinato do carroceiro risca um limite no país sem limites”
“No Brasil em que um denunciado por corrupção segue ocupando a presidência e, para se manter no poder, rifa a Constituição e compra deputados com o dinheiro público que falta para o essencial; no Brasil em que a pauta não eleita avança numa velocidade antes nunca vista, mastigando direitos conquistados em décadas; no Brasil em que o maior líder popular da redemocratização foi condenado pela Lava Jato e seu partido se recusa a fazer autocrítica, porque acha que não deve nenhuma explicação à população sobre o fato de ter se corrompido no poder; no Brasil em que tudo isso acontece e a maioria prefere dormir no sofá (enquanto ainda o tem) a ocupar as ruas para lutar pelos seus direitos… algo transformador finalmente aconteceu.
Na quarta-feira, 12 de julho, às 18h, o catador de material reciclável Ricardo Silva Nascimento, de 39 anos, negro, foi executado com pelo menos dois tiros na altura do peito por um policial militar branco, de 24 anos. Ricardo tinha um pedaço de pau na mão. O PM teria mandado que baixasse, e ele não baixou. Em vez de ser imobilizado, foi assassinado. Este é o cotidiano das periferias do Brasil, determinado pelo braço armado do Estado, com a conivência da população que naturalizou o genocídio dos pobres e negros. Qual era a diferença?
Ricardo foi assassinado pela PM no bairro de classe média de Pinheiros, em São Paulo. Foi assassinado diante de moradores desacostumados com a barbárie corriqueira nas favelas. Era gente que passeava com seu cachorro, que entrava no supermercado Pão de Açúcar, que chegava ou saía de casa vinda do trabalho ou do consultório, ou indo para a yoga, a academia, encontrar um amigo. Era gente que não está acostumada a testemunhar uma execução cometida por um agente público.”
Trechinho do ótimo texto da Eliane Brum no El País
Eles querem uma nova polícia (e eu também)
Na contramão do pensamento hegemônico das polícias, que legitima práticas criminosas, policiais que são ativistas em direitos humanos lutam, de dentro das corporações, por uma reestruturação do modelo de segurança pública vigente. Espalhados pelo país, alguns deles contam à Ponte Jornalismo como buscam espaços para defender suas posições.
Leia a íntegra em https://ponte.org/eles-querem-uma-nova-policia/
Fotografia de Cinema, The Hateful Eight (Os Oito Odiados), de Quentin Tarantino
Dois quadros de The Hateful Eight (Os Oito Odiados), do Quentin Tarantino, com fotografia lindíssima e eficiente de Robert Richardson, que, assim como A Fita Branca, que revi recentemente, é um filme perturbador, relevante e tem uma fotografia linda.
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Diálogos de The Wire (A Escuta): você pode ir longe matando pessoas negras
Um dos fantásticos diálogos de The Wire (A Escuta) acontece no episódio 2 da temporada 5.
Bônus: Vídeo do diálogo de The Wire
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