Facebook atualiza e explica seus Padrões da Comunidade no que diz respeito a banir conteúdos. Video e textos em inglês:
https://vimeo.com/122138817
via @TheNextWeb
Prefiro construir pontes a muros
por Celso Bessa
Facebook atualiza e explica seus Padrões da Comunidade no que diz respeito a banir conteúdos. Video e textos em inglês:
https://vimeo.com/122138817
via @TheNextWeb
por Celso Bessa
Os 2 últimos taxistas que vieram desfiar ladainha de corrupção no governo assinalaram no aplicativo que a corrida, que deu 20 reais, como de 1 e de 5 centavos.
Além disso, dos meus contatos de Facebook mais agressivos nas críticas à corrupção, sei de 1 dúzia que tem histórias como pagamento de propinas para abrir negócios (algumas por iniciativa do agente público, outras, do próprio empresário), doações/favorecimentos ilegais a candidatos, comprador de empresas privadas que recebeu “presentes” e “caixinhas” para favorecer fornecedor X, e também fornecedor Y que, para continuar usando eufemismos, faz “lobby” para o comprador comprar dele, não do Y.
Já errei na minha vida também e vou dar o benefício de dúvida. Por enquanto, vou achar que eles se arrependeram, hoje são limpos e realmente cobram retidão por acreditarem nisto e não por hipocrisia ou por aquela fraqueza que todos temos, de sempre sermos heróis em nossas narrativas.
por Celso Bessa
Apenas republicando o que coloquei no Facebook ontem e hoje, por conta do panelaço durante o pronunciamento da presidenta/e Dilma. Se não for óbvio, esclareço, nenhum problema com panelaço e eu mesmo pensei em participar, mas vários dos xingamentos e justificativas que ouvi ontem ultrapassava qualquer questão política ou insatisfação social e explicitava, em muitos casos, machismo, ódio e rancor puro.
Protesto eu entendo e adoro. Espuma no canto da boca eu temo. 1984, George Orwell:
“No segundo minuto o ódio chegou ao frenesi. Os presentes pulavam nas cadeiras, e berravam a plenos pulmões, esforçando-se para abafar a voz que saía da tela.
A mulherzinha do cabelo de areia ficara toda rosa, e abria e fechava a boca como peixe jogado à terra. Até o rosto másculo de O’Brien estava corado. Estava sentado muito teso na sua cadeira, o peito largo se alteando e agitando como se resistisse ao embate duma vaga.A morena atrás de Winston pusera-se a berrar “Porco! Porco! Porco!” De repente, apanhou um pesado dicionário de Novilíngua e atirou-o à tela. O livro atingiu o nariz de Goldstein e ricochetou; a voz continuou, inexorável. Num momento de lucidez, Winston percebeu que ele também estava gritando com os outros e batendo os calcanhares violentamente contra a travessa da cadeira. O horrível dos Dois Minutos de Ódio era que, embora ninguém fosse obrigado a participar, era impossível deixar de se reunir aos outros. Em trinta segundos deixava de ser preciso fingir.
Parecia percorrer todo o grupo, como uma corrente elétrica, um horrível êxtase de medo e vingança, um desejo de matar, de torturar, de amassar rostos com um malho, transformando o indivíduo, contra a sua vontade, num lunático a uivar e fazer caretas. E no entanto, a fúria que se sentia era uma emoção abstrata, não dirigida, que podia passar de um alvo a outro como a chama dum maçarico. Assim, havia momentos em que o ódio de Winston não se dirigia contra Goldstein mas, ao invés, contra o Grande Irmão, o Partido e a Polícia do Pensamento; e nesses momentos o seu coração se aproximava do solitário e ridicularizado herege da tela, o único guardião da verdade e da sanidade num mundo de mentiras. No entanto, no instante seguinte se irmanava com os circunstantes, e tudo que se dizia de Goldstein lhe parecia verdadeiro. Nesses momentos, o seu ódio secreto pelo Grande Irmão se transformava em adoração, e o Grande Irmão parecia crescer, protetor destemido e invencível, firme como uma rocha contra as hordes da Ásia, e Goldstein, apesar do seu isolamento, sua fraqueza e da dúvida que cercava a sua própria existência, lhe parecia um hipnotizador sinistro, capaz de destruir a estrutura da civilização pelo mero poder da voz.
Nesses momentos era até possível dirigir o ódio neste ou naquele rumo, por ato voluntário. De repente, por uma espécie desse esforço violento com que, num pesadelo, se arranca a cabeça do travesseiro, Winston conseguiu transferir para a moça de cabelo escuro, sentada atrás dele, o ódio que antes dedicava à figura da tela. Belas e vívidas alucinações lhe atravessaram o cérebro. Haveria de matá-la a golpes de um cajado de borracha. Amarra-la-ia nua a um poste e a crivaria de flechas como São Sebastião. Possui-la-ia e a degolaria no momento do gozo. Além disso, percebeu mais claro que antes porque a odiava. Odiava-a porque era jovem, bonita e assexuada, porque desejava ir para a cama com ela, e porque nunca o faria, porque na cinturinha fina e convidativa, que parecia pedir que a segurassem com o braço, só havia a odiosa faixa escarlate, o agressivo símbolo de castidade.
O ódio chegou ao clímax. A voz de Goldstein transformara-se de fato num balido de ovelha, e por um instante o rosto se transformou numa cara de carneiro. Depois a cara de carneiro se fundiu na de um soldado eurasiano que parecia avançar, enorme e terrível, com a metralhadora de mão rugindo, parecendo saltar da superfície da tela, de modo tão real que alguns da primeira fileira se inclinaram para trás. No mesmo momento, porém, arrancando um fundo suspiro de alívio de todos, a figura hostil fundiu-se na fisionomia do Grande Irmão, de cabelos e bigodes negros, cheio de força e de misteriosa calma, e tão vasta que tomava quase toda a tela. Ninguém ouviu o que o Grande Irmão disse. Eram apenas palavras de incitamento, o tipo das palavras que se pronunciam no vivo do combate, palavras que não se distinguem individualmente mas que restauram a confiança pelo fato de serem ditas. Então o rosto do Grande Irmão sumiu de novo e no seu lugar apareceram as três divisas do Partido, em maiúsculas, em negrito:
GUERRA É PAZ, LIBERDADE É ESCRAVIDÃO, IGNORÂNCIA É FORÇA
Mas o rosto do Grande Irmão pareceu persistir por vários segundos na tela, como se o seu impacto nas pupilas fosse forte demais para se esmaecer tão rápido. A mulherzinha do cabelo cor de areia atirara-se sobre o espaldar da cadeira que tinha à frente. Com um murmúrio trêmulo que parecia dizer “Meu Salvador”, estendeu os braços para a tela.
Depois ocultou a face nas mãos.
Era claro que orava.”
por Celso Bessa
Esta semana tivemos como assunto mais quente na internet uma discussão idiota sobre as cores de um vestido, e agora acabei de ver um estudo sobre Petworking (Pet + Social Network) e sua importância para marcas.
Só tenho uma coisa a dizer sobre isso: “Oh, Long Johnson.”
http://southpark.cc.com/full-episodes/s16e03-faith-hilling
por Celso Bessa
Ainda no tema “respeite o papel, mas perca o medo do digital” e especialmente útil para quem usa Photoshop mas não teve contato com revelação “analógica”.
(Atenção à última parte, onde ele fala das anotações que precisava deixar no laboratório)
por Celso Bessa
Em inglês, no blog do Seth Godin: http://sethgodin.typepad.com/seths_blog/2015/02/is-google-making-the-web-stupid.html
por Celso Bessa
Parte da trilha sonora para virar a noite trabalhando.
The Collapse of History
The Kids Are United
Speed
por Celso Bessa
TL;DR (ou, versão expressa)
Andou circulando uma notícia de que Vincent Cerf, considerado o “pai da internet”, sugeriu que as pessoas deveriam guardar suas fotos digitais em papel para evitar uma Era das Trevas Digital.
O fato é que Cerf jamais deu esta idéia inútil e inviável, o que deixa claro o quanto o jornalismo anda tão apressado e descuidado quanto as pessoas que compartilham tudo em redes sociais sem a devida atenção e senso crítico.
Neste longo texto, aponto alguns problemas e refuto informações deste caso, e defendo que fãs de fotografia e fotógrafos dogmáticos quanto à fotografia em papel devem agarrar o boi pelo chifre e abraçar as tecnologias digitais, se estiverem realmente interessados em preservar a arte fotográfica e nossa memória visual.
Se está sem tempo (ou energia) para ler o texto inteiro, clique nos links abaixo para ir aos pontos mais importantes.
Aviso aos leitores, fotógrafos, amantes da fotografia e, especialmente, aos jornalistas que replicaram a notícia que dizia que o “Pai da Internet”, Vincent Cerf, tinha sugerido que as pessoas guardassem fotografias em papel: não, ele não sugeriu isto!
O problema que ele levanta, na verdade, é que existe um sério risco de perdermos boa parte da história humana, hoje armazenada digitalmente. O problema é real, mas não tem nada a ver com imprimir as fotografias em papel.
O assunto é especialmente importante para mim pois adoro fotografia, e as mudanças que estamos fazendo no site Fotografia Diária lidam justamente com a necessidade de preservar a nossa memória fotográfica – as fotografias, a história da arte fotográfica e o legado dos fotógrafos – de forma digital.
Existem vários problemas com esta notícia e com a sua propagação pela rede digital. Vou apresentar alguns, junto com minha opinião e possíveis soluções.
Você pode ler os artigos em inglês na BBC e The Guardian e ver o vídeo do próprio Vincent Cerf falando sobre o assunto, para se assegurar que ele não disse nada disto. Aliás, o próprio artigo com a manchete Caça-Clique desmente a informação:
“Cerf tem uma proposta para resolver o problema: a criação de um museu na nuvem que preserve digitalmente as características de cada software e hardware, para que mesmo que uma tecnologia se torne obsoleta, seus arquivos ainda possam ser acessados.”
Ao que a redatora afirma o que considera ser uma possibilidade de solução: “Enquanto essa questão não é resolvida, pode ser melhor você começar a imprimir suas fotos e arquivos mais importantes.”
Jornalismo apressado distorce fatos, transforma opinião em fato e desinforma. E isto, claro, é prejudicial.
Este eu vou ser rápido:
E aí, o que aconteceu? Diversos portais e sites reproduziram a matéria como verdade absoluta. E falharam
Das matérias que vi, quem se saiu melhor foi a revista FHOX que, embora tenha cometido o mesmo erro, de não checar a informação original, aproveitou para fazer um artigo, muito além do Copiar/Colar como quase todos os outros sites fizeram, mostrando os múltiplos contextos de uso da foto em papel, que é uma das bandeiras que a revista costuma levantar. É proselitismo? É, mas não vejo problema em proselitismo às claras, transparente.
Se as pessoas não atentam erros simples como estes, como esperar que exerçam senso crítico em assuntos como política?
Estas falhas passaram batido por todo mundo que repercutiu o assunto. Provavelmente, muitos compartilharam sem ler. Imagine como é quando isso acontece com assuntos polêmicos como política, direitos civis, etc.
Sejamos mais cuidadosos com o que compartilhamos, checando as fontes, confrontando as informações e exercendo o senso crítico. Sejamos ainda mais exigentes com veículos e pessoas que fazem (ou dizem fazer) jornalismo.
Uma verdade dura, mas é com amor: não existe forma de armazenamento de informação 100% segura e infinitamente duradoura. E o papel é uma das mais formas mais frágeis de registro.
Por mais que gostemos de papel e que existam fotos, documentos, livros e afins com décadas, séculos, e até milênios de idade, o material é muito frágil e perde informação rapidamente se não for devidamente conservado. “Oi, fagulhas. Oi, água e umidade. Oi, poeira, traças e ácaros. Oi, corroção e decadência pelo desprendimento de aditivos e vernizes. Oi, um monte de coisa.” O pessoal da Biblioteca de Alexandria ou William of Baskerville, personagem de O Nome da Rosa, que o digam.
Não se nega a importância do papel, ponto. Mas se algo em papel é realmente importante, então vale a pena ser redundante e fazer cópias em outros meios. Quanto mais, melhor.
“A solução é tirar um instantâneo digital, um raio-x, do conteúdo, da aplicações e do sistema operacional tudo junto.” (Vincent Cerf)
O inverso também é verdade. Se algo digital é importante, faça cópias em outras mídias como mídia ótica (DVD, BluRay), magnética (HD externo, por exemplo) e/ou coloque “na nuvem”.
Considere também ter seus arquivos em dois formatos para que programas diferentes possam ler. Prefira padrões abertos (open-source) ou ao menos serviços e softwares que leiam múltiplos formatos, justamente para diminuir o risco que Vicent Cerf alerta: que nossos dados não possam ser lidos no futuro por problemas como o suporte físico, ou a a indisponibilidade de equipamentos adequados.
Aliás, a questão levantada pelo Cerf se concentra nisto: em preservarmos os dados e também os programas que são usados hoje, para que no futuro as informações possam ser acessadas e não se percam.
De fato, Cerf sugere uma solução bem distante do papel: “a solução é tirar um instantâneo digital, um raio-x, do conteúdo, da aplicações e do sistema operacional tudo junto, com uma descrição da máquina onde eles rodam, e preservar isto por longos períodos de tempo. E este instantâneo digital vai nos permitir recriar o passado, no futuro.”
Para usar de uma analogia: sabe aquele vinil velho, guardado em algum lugar da casa de sua bisavó, que você não tem como ouvir? Pois é. Sorte que o vinil está sendo revivido e há novos aparelhos para tocar discos velhos.
Agora, pense na quantidade enorme de gravações musicais em arame ou fita que se perdeu ou se perderá por não haver equipamentos paratocá-las. Pense na quantidade de informações, conhecimento e sabedoria que se perdeu no já citado incêndio da Biblioteca de Alexandria. Ou em pergaminhos escritos em línguas mortas,perdidos simplesmente por que o hardware e o software, no caso,seres humanos que dominavam tais línguas, não existem mais.
Armazenar em papel as fotografias disponíveis hoje digitalmente não soluciona o problema e é inviável do ponto de vista técnico, financeiro e ambiental.
Substituir as informações digitais por equivalentes em papel (ou fita cassete para música e VHS para vídeos) seria inútil e inviável.
Pense em imprimir todas as fotos que você fez no smartphone só neste começo de 2015 e tente estimar o custo e espaço necessário para guardá-las, além de como seria o uso destas fotos no cotidiano. Se estiver a fim de gastar dinheiro, entulhar seus armários e acabar com o meio-ambiente, vá lá e realmente imprima.
Inviável e inútil num nível que é até cômico. Aliás, o Google já até fez piada e pegadinha de 1.o de Abril com este assunto, como quando anunciou que todo conteúdo do YouTube estaria disponível para compra em DVD ou que Gmail teria um dispositivo chamado Gmail Paper, que possibilitaria aos usuários enviar todas mensagens eletrônicas para o Google, onde elas seriam impressas e envidas de volta pelo correio!
Qualquer pessoa que tentou imprimir várias cópias de uma fotografia sabe quão trabalhoso e custoso isso é. Especialmente se forem revelações manuais e artísticas. E em reproduções, ao se fazer cópias a partir de uma matriz em papel, seja por xerox, foto da foto, ou digitalização, há perda de qualidade.
Além disso, o tamanho do espaço físico que um fotógrafo profissional, com um acervo de tamanho razoável, precisa para armazenar de forma organizada todo seu material, é enorme.
Transponha esse desafio para galerias de arte, museus e outras instituições culturais, e terá um problema ainda maior. Não apenas é necessário um grande espaço físico para armazenar as fotos como fica difícil preservar ou restaurar fotos que não sejam digitalizadas.
E ainda há a questão de catalogação, que em muitos lugares ainda é feito em cartões de papel ou, na melhor das hipóteses, catalogadas num computador solitário ou em rede local. Talvez até na nuvem, mas certamente em programas e plataformas proprietárias e fechadas, sem comunicação entre seus vários sistemas (de ERP, de CRM, site, ecommerce, editoração de catálogo, etc.).
Uma matriz em arquivo digital permite a reprodução fácil do seu conteúdo em diversos suportes (papel fotográfico, papel offset, lona, qualquer coisa!) com facilidade e rapidez. E utilizar tecnologias e práticas padronizadas – de preferência abertos, open source e na nuvem – permite que diferentes sistemas compartilhem informações de forma ágil, levando à produtividade e tornando mais fácil divulgar fotose criar novos serviços que irão beneficiar os envolvidos na fotografia: fotógrafos, produtores, divulgadores, comerciantes, fãs e a sociedade em geral, já que sua história e seus conhecimentos serão preservados.
É preciso repensar a dinâmica entre direitos autorais e usos coletivos de conhecimento e arte. Em paralelo, a tecnologia que permite cópia rápida de uma obra artística ou intelectual, deve facilitar a geração de valor aos autores.
Este é um assunto polêmico e que deve ser tratado de forma muito mais profunda que estes parágrafos.
Tenho sentimentos muito ambivalentes quando vejo notícias como a descoberta de Vivian Maier (uma babá americana apaixonada por fotografia cuja arte só foi descoberta recentemente, anos depois de sua morte, por acaso) ou a recuperação do acervo perdido de alguém que foi encontrado, acervos históricos poucos conhecidos que se tornam livros ou exposições e casos assim.
Por um lado, fico contente que tais descobertas sejam trazidas à luz. Por outro, penso em quantos trabalhos incríveis já foram perdidos e o quanto, certamente, outros se perderão, mesmo de fotógrafos contemporâneos, por estarem em papel ou catalogados e digitalizados de forma inadequada, ou ainda, perdidos em um DVD ou HD. Quantos gênios da fotografia deixaram e deixarão de ser conhecidos?
Basicamente, temos duas forças opostas: o respeito aos direitos do autor e a necessidade de preservação da memória coletiva, que precisam se equilibrar tanto no âmbito legal quando no tecnológico e cultural.
Pessoalmente, sou contra tecnologias DRM (Digital Rights Management – Gerenciamento de Direitos Autorais) radicais, pois além de saber que alguém sempre vai dar um jeito de burlar, iguala todos os usuários a criminosos. Tenho visto casos de fotógrafos bem sucedidos quando são mais flexíveis quanto ao uso de suas fotografias, especialmente no que concerne a fins não comerciais. Da mesma forma, cada vez mais vejo exemplos de ecossistemas de negócios cujo sucesso é baseado em:
Não vou entrar em detalhes nos conceitos de cauda longa e dos centavos digitais, pois existem livros que explicam muito melhor que eu jamais vou explicar, até em quadrinhos. Mas há dois casos de sucesso mundiais que você provavelmente conhece: Amazon e WordPress.
Só para colocar o dedinho do pé na água, número de autores pequenos ou independentes que a Amazon permitiu que encontrassem seu público e vendessem livros, fotolivros, livros digitais e etc é enorme. O número de pessoas, artistas e empresas que puderam publicar blogs e sites a preço baixo, ou mesmo de graça, e aumentar seu alcance e número de negócios também. E também existem milhares de negócios atrelados a estas plataformas: de sites que facilitam a criação e disponibilização de livros digitais na Amazon a aplicativos alternativos para leituras de livros digitais e serviços de e-commerce baseadas em wordpress a preços acessíveis, entre outros.
Um caso prático em que minha empresa está envolvida é do banco de imagens Fotografias Aéreas, do fotógrafo brasileiro Cássio Vasconcellos, que já tem alguns milhares de fotos aéreas online no site. Estas imagens não representam 1% do acervo de fotos aéreas do fotógrafo, certamente o maior acervo deste tipo de fotos do Brasil, muitas impressas ou apenas em filme. Seria uma pena que um acervo deste porte se perdesse.
Minha empresa está auxiliando Cássio Vasconcellos no trabalho de catalogar e levar este conteúdo para a nuvem, mas ainda falta muito a ser feito. Ao aumentar a disponibilidade de seu catálogo comercial online (algumas em Creative Commons, que permitem o uso gratuito para fins não-comerciais), o fotógrafo passou a ser conhecido por mais pessoas e fortaleceu seu nome como autoridade em fotos aéreas, o que reflete tanto em seu trabalho comercial, quanto na demanda por suas obras autorais.
Por um lado, faz-se necessário que tanto os fotógrafos quando as legislações sejam mais flexíveis, também é preciso fazer que a mesma tecnologia que permite o compartilhamento fácil fotografias traga benefícios aos autores destas fotos.
A fotografia em papel é uma experiência rica, mas não é a única experiência possível ou válida da fotografia como arte ou memória e é necessário uma postura menos dogmática se queremos uma fotografia universal, rica e duradoura.
Infelizmente, muitos fotógrafos e amantes da fotografia se relacionam com a fotografia em papel de forma dogmática e adotam uma postura algo fetichista, rechaçando qualquer coisa que não seja analógica e deixando de ver aspectos positivos da fotografia digital e limitações da fotografia em papel, talvez até dificultando tanto fomento do “consumo” da fotografia e de novos artistas, como a preservação de nossa memória coletiva.
Não me entendam mal, mas acho que a fotografia em suportes físicos não precisa de defesa. Ao menos não esta linha de defesa. A beleza das fotos impressas, a experiência multissensorial que é um fotolivro, por exemplo, são defesas mais que suficiente para se desejar fotos impressas. Eu mesmo, apesar de ter alergia severa a papel velho, coleciono fotografias e tenho um bom acervo de fotolivros. Aliás, dois dos trabalhos que mais me tocaram em 2015 são fotolivros lindos e artesanais.
Acho, sim, que lugar de fotografia é na parede. E no livro. E também no bolso, pois a fotografia cabe em qualquer lugar.
Mas para a fotografia ser universal, ter chances reais de preservação e ainda gerar valor para todas as pontas, é importante que fãs e fotógrafo encarem esta não tão nova era digital de frente e abram a mente para suas virtudes, assim como não fechem os olhos para os limites do papel.