Classe média/alta acomodada e empresas deveriam lutar por transporte gratuito.
Se não pelas dúzias de argumentos sensatos (alguns no texto lilnkado), pelo fato de que você vai gastar menos e seus empregados (perdão! colaboradores!) vão ser mais produtivos, menos estressados e atrasarem menos.
Claro que há prejuízo ao patrimônio público. E claro que rolam prejuízos muito maiores ao patrimônio público todos os dias, nos quatro cantos do País.
Mas essa clareza toda só serve é para esfumacear o principal. Transporte público é simplesmente importante demais para ser deixado aos sabores do mercado. Em uma metrópole, é vital como o sistema circulatório para uma pessoa. Sem ele param todos os serviços vitais, públicos e privados, os negócios, o estudo, a vida.
Gratuito não significa que o transporte público precisa ser estatizado. Quando eu usava muito ônibus em São Paulo existia a CMTC, companhia municipal de ônibus. Era uma droga. Hoje, uso um pouco o metrô, estadual e público, que já foi decente e hoje despencou de qualidade e é mais ou menos. Não importa quem é o dono dos ônibus e trens. Não importa se a atividade gera lucro para particulares ou para o estado (aliás, é importante que uma empresa pública tenha lucro, para continuar investindo e atualizando seus serviços). O importante é que a tarifa seja grátis.
Não é birutice ou blasfêmia exigir transporte público gratuito. Afinal, temos muitos outros serviços públicos “gratuitos”. Quem paga a conta? Nós mesmos, com o dinheiro dos impostos. Escola e vacina são grátis, para ficarmos em dois fundamentais. Você acha que deviam ser cobrados? E transporte público também já é grátis, se você já estiver na terceira idade; se for deficiente e chamar o serviço de transporte especial; ou se for atropelado, e levado para o pronto socorro pelo Samu. Estou louco? Estou em boa companhia.
Muita gente mundo afora defende o transporte público gratuito. Já existe até o Free Public Transport Day, comemorado no dia 2 de março. Onde já foi implementado o transporte público gratuito? Em umas poucas cidades, como Hasselt, na rica Bélgica, e Changning, na emergente China, Perth, na Austrália, e Bozeman, nos Estados Unidos. O que aconteceu? Aumentou muito o uso do transporte público, diminuiu muito o uso do automóvel, a poluição do ar caiu. E investimentos em novas avenidas, pontes etc. se tornaram desnecessários, liberando esses recursos para outros usos.
Com transporte público gratuito no Brasil, teremos ar mais limpo – menos gastos com saúde, dias de trabalho perdidos etc. Teremos menos carros nas ruas. Teremos menos acidentes. Menos dependência de petróleo. Teremos menos trânsito! São as famosas externalidades, os custos disfarçados das atividades econômicas. Que precisam entrar na conta. Se não entram, é que a conta está mal feita. E está sendo feita, em muitos lugares. A conta mais importante dói mais pra quem tem menos. Quatro conduções por dia útil são de R$ 200,00 a R$ 300,00 por mês, muito dinheiro para uma parte enorme dos brasileiros.
Fonte: http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2013/06/12/transporte-publico-gratuito-ja/