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O perfil de Laerte/Sônia na Piauí 79 ( http://bit.ly/13x1Fh8 )é um bom exemplo do que me referi no post abaixo:
“Existe lugar sim para o jornalismo de reportagens e opiniões menos apressadas. Talvez o formato do suporte mais ideal para isto também não seja jornal. Quem sabe uma revista?”
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Escrevi no Facebook e republico aqui:
Amigos e parceiros jornalistas lamentando a reformulação do Estadão (vide nota do Blue Bus), preciso dizer algumas das muitas coisas que podem ser ditas, positivas e negativas, sobre estas mudanças que os jornais estão passando.
Não vou discorrer aqui com a profundidade que o assunto merece, mas os ítens abaixo servem como ponto de partida.
- estou adorando que a maioria dos jornais está mais fino e com menos propaganda. Revistas também. Já chegaram a ser calhamaços pesados, com 45% das páginas de publicidade;
- o papel é uma mídia limitada para certas coisas;
- o jornalismo da notícia quente foi substituído pois o que antes era feito num “forno industrial” agora aquece em segundos no “microondas” digital: a necessidade que criou o jornalismo diário – a pressa – foi substituído pelo jornalismo instantâneo – mais pressa.
- Existe lugar sim para o jornalismo de reportagens e opiniões menos apressadas. Talvez o formato do suporte mais ideal para isto também não seja jornal. Quem sabe uma revista?
- Ao mesmo tempo, as redações precisam se reorganizarem e repensarem seus papéis nesta nova realidade
- Sobre diminuir postos de trabalho ou “desaparecer” o jornalismo: será que desaparecem ou se transformam? Existem oportunidades a serem exploradas (e desafios a serem vencidos) no jornalismo colaborativo, na auto-publicação, na curadoria, em redes sociais, etc.
Não adianta ficar lamentando: A única coisa que não muda no mundo é que tudo muda – embora muitas vezes continue a mesma coisa. Os escribas egípcios deram lugares a outros profissionais, os monges-copistas perderam seu emprego quando chegou a prensa de tipos móveis, o jornalismo de TV e rádio foram criados para suprir a demandas novas e muitos imaginavam que ia matar o jornal impresso (e não matou). Agora, outras transformações estão chegando.
Não se considere um coitadinho: assuma e reconheça seu valor, agarre o problema à dentadas, se transforme e crie algo novo.
Uma idéia que acrescento ao que foi escrito originalmente: já pensaram em montar redações financiadas por leitores via assinatura e via financiamento direto através de sites como Kickstarter, Catarse.me e outros? Lógico, ainda vão ter que encontrar os modelos de negócio e gestão que funcionam, gerenciar egos, gerenciar o dia-a-dia, aprenderem a serem gestorres, etc, mas… é uma idéia a ser trabalhada.
Comunicado do Estadão, atribuído ao Ricardo Gandour, Diretor de Conteúdo, segundo nota do Blue Bus:
“Caros, No próximo dia 22, 2a feira, ‘O Estado de S.Paulo’ estréia uma nova configuraçao de cadernos e um novo processo de produçao industrial e logístico. O jornal adotará a configuraçao de 3 cadernos mais 1 suplemento. Além disso, termina a distinçao entre as ediçoes BR e SP. O fechamento será único, às 21:30, com trocas programadas no decorrer da rodagem. Os fechamentos de domingo (jornada de sábado) nao se alteram. Também no dia 22, estréia o novo App do Estadao “mobile”, adaptável a qualquer dispositivo móvel”
“O primeiro caderno terá as editorias Política, Internacional, Metrópole (incluindo os temas da atual Vida) e Esportes. O segundo caderno trará Economia, Negócios e Tecnologia. O Caderno 2 amplia a cobertura de entretenimento e incorpora comportamento digital e literatura”.
“Na 2a feira, circulará o suplemento Ediçao de Esportes, retomando marca clássica do grupo. Link e Negócios viram seçoes dentro de Economia. Na 3a, o Viagem. Na 4a, Jornal do Carro. Na 5a, o Paladar e os Classificados. Na 6a, o Divirta-se. No sábado, os Classificados ganharao mais espaço editorial. No domingo, também circula a Ediçao de Esportes, o Casa, e o Aliás se amplia com a nova seçao ‘Olhar Estadao’, e circulam os Classificados”.
“Pesquisas qualitativas e entrevistas em profundidade com diversos setores da sociedade, realizadas nos últimos meses, comprovaram o que vem sendo debatido entre nós desde o Redesenho de 2010: os leitores – em geral, e também os do Estado — querem mais conveniência e eficiência de leitura, mais apostas de ediçao, um jornal mais compacto – principalmente nos dias úteis. Tudo isso sem perder o aprofundamento e o poder de análise que caracterizam o jornalismo do Estado”.
“Um grupo de trabalho multidisciplinar, capitaneado por Conteúdo e Mercado Leitor e que congregou todas as áreas da empresa, trabalhou durante 6 meses na revisao detalhada de todo o processo produtivo. O objetivo: redesenhar o produto e sua configuraçao física, buscando uma soluçao que atendesse às demandas dos leitores. E acentuando o foco em reportagens exclusivas e abordagens analíticas”.
“A partir dessa nova configuraçao e do novo fechamento, mais simplificado, revisaram-se os processos de trabalho e a composiçao das equipes, cujas alteraçoes estao sendo divulgadas na data de hoje. Tais providências se inserem na necessária e permanente gestao de recursos, imprescindível para a competitividade da nossa marca e seu lugar no futuro das mídias”.
“Gostaria de convocar todos os jornalistas para estarem hoje às 15:30 no auditório, para uma explanaçao detalhada de todo o projeto, seus movimentos e agenda para os próximos dias. Falaremos sobre como ficará o jornal em cada dia da semana, que novas seçoes e colunistas teremos, as novidades digitais que vem por aí, além de responder a quaisquer dúvidas”.”