Me considero ateu, um tanto libertário (incluindo no que diz a amor, sexo, drogas) e politicamente esclarecido. Mas preciso confessar que ando cansado de ateus, libertários e politicamente esclarecidos que fazem cruzadas e se tornam fanáticos libertadores muito parecidos aos fanáticos a serem libertos.
liberdade
Queridos policiais: o lugar de vocês é ao nosso lado
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O blog Abordagem Policial publica a carta de um suposto policial militar que participou das operações e que demonstra descontentamente com a atuação da polícia. Confira em http://abordagempolicial.com/2013/06/carta-de-um-policial-nos-protestos-de-sao-paulo/
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[atualização 2]
Transcrição:
“Caros amigos policiais,
o povo saiu às ruas.
Nós lutamos por direitos.
Nós lutamos por respeito.
Nós somos muitos.
Somos uma multidão.
Mas antes de tudo,
nós somos você.
Somos brasileiros,
vestimos a mesma farda.
Aqueles que ordenam que nos reprima,
São os mesmos que te reprimem.
Nós não estamos contra vocês.
Respeitamos sua profissão.
Reconhecemos seu heroísmo.
Seu juramento não é para governantes ou partidos.
Seu juramento é para a pátria.
Somos todos uma só nação.
#oGIGANTEacordou
E precisa de vocês.
#ABAIXEMasARMAS
Levantem nossa bandeira.”
[atualização 2]
Queridos policiais da PM de São Paulo e outros estados:
vocês são mal pagos, mal treinados, desvalorizados pela população e – convenhamos – por seus próprios oficiais e chefes, pegam trânsito, pagam impostos absurdos, pegam ônibus lotados e caros quando estão sem farda, estão sempre corendo risco de vida e, mesmo quando bem intencionados, sofrem com o preconceito da parte da população. Vocês são tão desrespeitados pelo poder público quanto os civis – tanto as pessoas na sala de jantar, atônitas, alheias ou alienadas, quanto os que se manifestam.
O lugar de vocês era conosco. Protestando. Manifestando.
Por mais que alguns de vocês, carismáticos, façam voz alta, preguem ordem e defesa de valores morais e valorização do policial e da segurança pública, com estejam em carreiras políticas e os empolgue com promessas de aumento e respeito, não se enganem: vocês são tão vítimas quanto nós.
E, repito: o seu lugar é ao nosso lado.
Pensem nisso.
A ditadura é você. Da censura à Adoniran Barbosa ao elitismo nas redes sociais
A ditadura – de esquerda, centro ou direita – produz de mortes e traumas diversos como torturarem crianças a crimes mais prosaicos, e ainda assim perigosos, como a censura à letra de uma música de Adoniran Barbosa. O mais incrível e digno de nota é o fator subjetivo levado em consideração para o veto: falta de gosto.
À parte a óbvia incapacidade do censor em entender a licença poética e irônica da música, ele impõe o seu gosto e visão pessoal do mundo sobre a obra de um artista consagrado, sobre a liberdade de expressão deste artista e, principalmente, sobre uma população.
A imposição de gostos, modos, condutas e pensamento, é tão perigosa quanto armas, especialmente quando baseadas apenas em fatores subjetivos.
Infelizmente, isto não acontece só em ditaduras oficiais ou institucionalizadas. Acontece todo dia e feito por pessoas como eu, você ou nossos vizinhos e colegas de trabalho.
Acontece todos os dias, quando um juiz confunde os limites entre crenças pessoais e leis, quando deputados, senadores, vereadores e outros legisladores fazem leis e políticas que seguem somente sua forma de pensar e atacam minorias.
Acontece nas propagandas, nos programas televisivos e imprensa, quando direta ou indiretamente, explicita ou implicitamente, te dizem o que comprar, o que fazer, o que vestir, o quanto pesar, como e com quem fazer sexo para tenha uma vida plena e feliz.
E, pior, acontece na maior parte das mensagens em redes sociais, sites pessoais, blogs e afins, onde todo mundo quer se mostrar mais entendido, mais sábio, mais bonito e impor seus gostos, conceitos, modos e condutas como o único correto e digno. Mesmo as pessoas que defendem minorias ou grupos prejudicadas, frequentemente tem o mesmo comportamento e esquecem do direito do outro existir, falar, defender uma idéia diferente, ouvir música “ruim” (“isto não é música” é frase corrente por aí), ou mesmo ser idiota.
Não é a toa que ainda se encontra muita gente defendendo a volta de uma ditadura do Brasil. Além de estarem com medo e desamparados em meio à violência, falta de controle e e uma zona de conforto, querem impor seu modo de vida ao resto da nação.
No fundo, parece que todos querem ser vistos como sábios e fazer parte da elite que dirige a vida alheia, pois sabe o que é melhor para o outro.
Então, na próxima vez que for comentar do gosto ou posições políticas e sociais de alguém e reclamar o seu direito de expressão, cuidado para que ditador na história não seja você.
Letras Censuradas na Ditadura – Adoniran Barbosa
Reprodução do texto de Rafael Gota para o Imagens Históricas – Histórias Reveladas, no Facebook
Letra censurada da música “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, 1974.
Durante a ditadura, diversos músicos tiveram suas músicas censuradas. Antes mesmo do AI-5, artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Taiguara, Chico Buarque e Geraldo Vandré eram vistos como “perigosos” pelos militares. No entanto, a censura alcançou artistas que não necessariamente estavam envolvidos em movimentos de esquerda, ou com músicas de protesto, como, por ex., Adoniran Barbosa.
Conhecido como o mais paulistano dos compositores, Adoniran Barbosa usava em suas canções o jeito coloquial de falar dos paulistas. Não querendo problemas com a censura, em 1973 o artista decidiu lançar um álbum com várias canções já gravadas na década de cinqüenta. Inesperadamente, 5 delas foram censuradas, entre elas, “Tiro ao Álvaro”.
Na imagem, podemos observar que a funcionária responsável pela análise, escreveu “a falta de gosto impede a liberação da letra”. E ainda frisa as três palavras que, segundo ela, não deveriam estar presentes na música por não respeitar a forma gráfica correta.
Texto: Rafael Gota
Administração Imagens Históricas.Fonte: Arquivo Nacional, Fundo Divisão de Censura de Diversões Públicas
Este e outros documentos estão em nosso banco de dados:
www.memoriasreveladas.gov.br
Por mais Ninas e Simones
Compositora, cantora, pianista de primeiríssima linha e ativista ferrenha de direitos civis. De personalidade um tanto difícil, era artista, humana e cidadã do tipo que sinto cada vez mais falta.
Que a música dela continue nos tocando e nos inspirando como artistas, humanos e cidadãos. Que tenhamos mais Nina Simone em nossa vida.
Fiquem com 3 das minhas músicas preferidas.
Nina Simone – Sinnerman
(acho que Sinnerman é o que mais se aproxima da música perfeita)
Nina Simone – Ain’t Got No…I’ve Got Life
nina simone – my baby just cares for me
- Nina Simone na Amazon