Telefone toca, 10h20. Já suspeitando que seja telemarketing procurando vender para a patroa algo que ela não quer, atendo laconicamente:
– Alô?
Barulho típico de empresa de telemarketing ao fundo. Do outro lado, uma voz estridente pergunta:
– Alô? Por favor a senhora Heloisa…
Fico mais lacônico e dou um tom mais triste à minha voz:
– He… loísa? Quem gostaria de falar com ela?
– É a Daniele, da Live/Tim.
Meu tom agora é quase choroso, baixo. Entre fungadas e inspirações profundas, respondo lentamente:
– A… a Heloisa… não está e… nunca mais estará. Nem aqui… (inspiro e expiro devagar, a tempo de impedi-la de falar) nem em lugar nenhum entre nós… (engolida de choro)… desculpe… desculpe…
5 segundos de silêncio e escuto um “obrigado” constrangido. A ligação cai e vou para o escritório mais contente.
E a Heloisa vai muito bem, obrigado.