Lendo algumas análises sobre a delação mais-que-premiada do grupo JBS comprometendo o atual presidente Michel Temer, e como isto faz parte da estratégia global da empresa (links ao final do texto), me lembrei de trechos do livro Islands in the Net (Piratas de Dados no Brasil), de Bruce Sterling, um dos livros que mais tiveram impacto sobre mim.
“Há uma nova ordem global chegando, e não está baseada em governos nacionais obsoletos.”
Confira os links e o trecho logo abaixo.
- ANÁLISE: Joesley “rifou” Brasil para garantir migração da JBS aos EUA | Valor Econômico
- Por que a Globo (golpista) deu o furo que pode derrubar Temer? Entenda!
“Uma revolução não é uma festa – disse Mika, levantando-se graciosamente e começando a tirar a mesa. Yoshio sorriu.
– Os governos modernos são fracos. Nós é que os fizemos fracos. Por que fingir que não é assim? Podemos jogá-los uns contra os outros. Precisam de nós mais do que nós precisamos deles.
– Traición – disse David.
– Vamos chamar de “greve” – sugeriu Yoshio.
– Mas quando reunirem todas as suas empresas – interferiu Laura -, a polícia do governo estará prendendo seus conspiradores em todos os lugares.
– Uma corrida contra o tempo, não é? – observou Yoshio, animado. – Mas vamos ver quem controla a polícia de Viena. Vão fazer muitas prisões antes de tudo acabar. Os burocratas nos chamam “traidores”? Nós podemos chamá-los de “simpatizantes do terrorismo”.
– Mas você está falando de revolução global!
– Chame de “racionalização” – replicou Yoshio, entregando um prato para Mika. – Soa melhor. Removemos barreiras desnecessárias no fluxo da Rede global. Barreiras que, por acaso, são governos.
– Mas com que mundo ficaríamos, então?
– Dependeria de quem fizesse as novas regras. Quem se juntar ao lado vencedor poderá votar. Se não… – respondeu Yoshio, encolhendo os ombros.– E? E se nosso lado perder?
– Então as nações vão lutar contra nós e vão julgar-nos por traição – falou Mika.
– Os tribunais resolveriam a questão. Em cinqüenta anos, talvez.
– Acho que queimaria meu passaporte japonês e me tornaria um cidadão mexicano – falou Yoshio, pensativo. – Talvez todos nós pudéssemos nos tornar cidadãos mexicanos. O México não se queixaria. Ou poderíamos tentar Granada! Poderíamos tentar um novo país a cada ano.
– Não traia nosso governo – interveio Mika.
– Traia o governo de todo o mundo. Ninguém jamais chamou isso de traição.”
(Island in the Net/ Piratas de Dados, Bruce Sterling)
Islands in the Net e outros livros de Bruce Sterling
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