Algumas semanas atrás, uma cena de estupro na série de TV Game of Thrones foi combustível para discussões por toda a semana. Muita gente, muita gente mesmo, criticou o excesso de violência e abusos contra as mulheres na série, que é bem violenta em todos os aspectos, com toda sorte de abusos que se possa imaginar.
Numa longa conversa por email com minha sobrinha sobre o assunto, entre outras coisas, discordei desta postura. Disse “entendo o asco, entendo o incômodo, pois eu também o sinto, mas mostrar os monstros e encará-los de frente é a melhor forma de combatê-los“.
Mais ou menos na mesma época, algumas meninas foram estupradas, espancadas e jogadas de um barranco no Piauí. 10 dias depois, uma delas morreu. O quão longe é a realidade e da ficção?
A ocorrência reforça a necessidade de se conversar mais sobre violência contra as mulheres, machismo e tantos outros assuntos nas casas, nas escolas, igrejas, clubes, empresas, happy hours e em programas de TV que criem asco, que revoltem. Como disse em outro trecho desta conversa: “É para pensar o mundo que criamos o drama, o teatro, o storytelling, os mitos. O nojo com o que acontece em Westeros é uma forma de expressar o nojo que sentimos com o mundo que habitamos, levando todo mundo a discutir a cultura do estupro…. talvez, se tivesse acontecido durante a invasão da América, nas Cruzadas, na década de 1930 não teríamos […] tanta gente sendo estuprada todo dia.”
Mas falar sobre o assunto quando vemos isto na TV é só a pontinha do Iceberg.
Há muito que ser feito para proteger mulheres e crianças, assim como combater a homo/transfobia, xenofobia, racismo(*). Precisamos de leis duras, precisamos que estas sejam cumpridas, precisamos educar e muito, muito mais. Até mesmo coisas mais “banais”.
No caso específico de Castelo do Piauí, talvez as vítimas e familiares possam ter um pouco da dor aliviada se souberem que têm apoio moral e psicológico de pessoas no país todo. E com isto em mente, está sendo feita uma vaquinha para mensagens de apoio e arrecadar fundos para assistência jurídica, psicológica e médica.
É óbvio que mensagens de apoio e doações não bastam mas, além do importante apoio neste momento, a campanha pode repercutir o assunto, criar pressão social e levantar ainda mais discussões em famílias, grupos de amigos e colegas de trabalho, e talvez ajude a tirar pessoas da letargia em que se encontram.
Então, vamos ajudar? Clique aqui ou na imagem abaixo para acessar o Vakinha.com e fazer sua doação.
Se não puder doar, divulgue! É rápido, mas não é banal.
* = para os falaciosos de plantão: todos devem ser protegidos sim, mas vamos começar por quem está menos guarnecido e em situação BEM mais desfavorável.
Este post tem os comentários bloqueados, pois este tipo de assunto costuma atrair muito espírito de porco.