As raízes do 8 de Janeiro não foram arrancadas. Seus galhos estão aí expostos à luz do sol para quem quiser enxergar.
Rubens Valente, em O 8 de Janeiro Continua, publicado na Agência Pública
[…]
A democracia não pode ficar restrita a gabinetes refrigerados, computadores de última geração, cadeiras altas e mesas polidas como os que foram destruídos em 2023. Ela se engrandece é na relação com os que têm menos voz e menor poder de influência.
democracia
Se eles conseguirem derrubar a democracia, será por (de)mérito nosso.
Trechos da notícia de “Ajudantes de ordens de Bolsonaro deixaram mais de 17 mil e-mails acessíveis na lixeira eletrônica”, escrita por Gabriel de Sousa publicada e atualizada no Estadão 08/08/2023:
“… ajudantes de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram excluir mais de 17 mil e-mails das contas de trabalho deles. Porém, esqueceram de deletar permanentemente os conteúdos das lixeiras eletrônicas […] Entre os e-mails que foram recuperados […], está a tentativa de venda de um relógio Rolex por US$ 60 mil, o equivalente a R$ 300 mil. “
“… mensagem eletrônica […] atesta a existência de pedras preciosas recebidas por Bolsonaro na cidade mineira de Teófilo Otoni durante uma viagem de campanha pela reeleição, em outubro de 2022.[…] não teriam sido cadastradas oficialmente no acervo da Presidência.“
Comentários:
- Mais uma vez, fica evidente a vocação para a criminalidade mais comum e comezinha do clã a que a célula BozoAsnos pertencem.
- Escancara ainda mais que fomos governados e que nossa pseudodemocracia brasileira quase foi — e ainda pode ser — derrotada por um facção de estúpidos que tinha certeza de impunidade.
- Se deixarmos eles fazerem isto (sim, porquê não creio que a ameaça acabou), então será por “mérito” nosso e merecemos ser governados pelos mais estúpidos.
- Original em https://www.estadao.com.br/politica/ajudantes-ordens-bolsonaro-17-mil-emails-lixeira-cpmi-8-de-janeiro-nprp/
- Versão arquivada em https://web.archive.org/web/20230808230159/https://www.estadao.com.br/politica/ajudantes-ordens-bolsonaro-17-mil-emails-lixeira-cpmi-8-de-janeiro-nprp/
Juiz William Douglas (Suprema Corte dos EUA) sobre privacidade
“O indivíduo deve ter a liberdade de escolher por si mesmo o tempo e as circunstâncias em que compartilhará seus segredos com os outros e decidir a extensão dessa partilha”.
(Juiz William Douglas apud Shoshana Zuboff)
Lido no artigo de opinião de Shoshana Zuboff no The New York Times.
“O povo que se lixe. O povo saiu da equação.”
A presidência do Brasil hoje está nas mãos de um homem que não tem nada a perder desagradando seus eleitores, porque sequer tem eleitores. E sabe que dificilmente recuperará qualquer capital eleitoral. Sua salvação está em outro lugar. Sua salvação está nas mãos daqueles que agrada distribuindo os recursos públicos que faltam para o que é essencial e tomando decisões que ferem profundamente o Brasil e afetarão a vida dos brasileiros por décadas.
Temer goza da liberdade desesperada – e perigosa – dos que já têm pouco a perder. O que ele tem a perder depende, neste momento, do Congresso e não da população. Assim como depende das forças econômicas promotoras do impeachment continuarem achando que ele ainda pode fazer o serviço sujo de implantar rapidamente um projeto não eleito, um projeto que provavelmente nunca seria eleito, tarefa que ele tem desempenhado com aplicação. Então, o povo que se lixe. O povo saiu da equação.
Democracia sem povo, mais uma coluna foda da Eliane Brum no El País.
Fantástico e assustador: a guerra digital entre Rússia e EUA e as eleições americanas
Artigo interessantíssimo da TIME sobre como a Rússia usa as redes sociais e outras mídias digitais para influenciar a opinião pública americana. Em inglês:
http://time.com/4783932/inside-russia-social-media-war-america/
Lawrence Lessig quer ser presidente com financiamento coletivo (crowdfunding)
Lawrence Lessig, um dos grandes nomes ligados ao Creative Commons quer ser presidente do Estados Unidos da América com um propósito único e claro: mudar o sistema de financiamento político nos EUA, o qual ele acredita é uma das grandes razões para corrupção e injustiças por lá. Segundo Lessig, seu plano é se eleger, efetuar a mudança, e então renunciar. E une discurso à ação ao lançar campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) para sua eleição: se ele levantar 1 milhão de dólares até 7 de setembro, ele se candidata à presidência.
Para Lessig a forma de financiamento de campanhas é um dos pontos mais importantes da política e questão chave para melhorar a sociedade, pois as atuais regras americanas (com as quais as brasileiras guardam grades semelhanças) exigem que os candidatos arrecadem muito dinheiro de poucas pessoas/empresas, e acabam ficando de rabo preso com seus financiadores, corrompendo os valores democráticos republicanos.
Saiba mais sobre o assunto na fonte, em inglês, e aproveite para ver este vídeo da palestra “Nós, o Povo, e a República que precisamos retomar” (We the People, and the Republic we must reclaim, no original), que Lessig apresentou no TED alguns anos atrás, onde ele explora sua tese.